Uma vez li, em algum lugar que o mundo deixou de ser criativo no ano de dois mil e oito. Achei a maior besteira de todas. Mas com o tempo, minha idéia foi mudando. Acabei me apropriando do pensamento. Aliás, o próprio fato de ter me apropriado do pensamento já é uma imensa falta de criatividade.
O mundo tem mudado durante os séculos, e por mais clichê que esta frase possa parecer, as idéias sobre ele têm no mínimo se revestido. Basta fazer um teste de criatividade e colocar em questão o grau de originalidade que o ser humano pode alcançar. No caso deste ser humano ter mais de dois anos de idade, a possibilidade de originalidade é nula.
Por várias vezes me peguei tentando “criar” uma frase, uma palavra, uma idéia ou até uma simples receita culinária que seja, no mínimo, autêntica. Desisti. Como negar as influências externas e admitir que o que pensamos é nosso? Só mentindo pra si mesmo. Negar as influências, acreditando na criação é pura bobagem de principiante. Pode ver, no início da gênese Adão achou que tinha criado um nome para aquele frutinho encantador ao qual, hoje, chamamos de maçã. Felicíssimo da vida, foi até o Criador e contou a novidade, e adivinhem, Ele já sabia. O mesmo acontece nas mitologias Gregas, Romanas, Egípcias, Orientais e em qualquer outra Grande História que envolva o mito Criação.
Não existe criação desde que o mundo é mundo. Na verdade, a própria formação do mundo é uma cópia da formação de outros planetas. Nós não somos os primeiros. Logo, não somos os criadores. De nada. Eu já me convenci disso.
Me convenci que não tem mais graça em criar. Não vejo mais graça em trazer um novo que ninguém entende e que possivelmente não aceitarão. Não vejo mais graça em perder meu tempo em criar coisas que certamente terei que explicar, pois os meros mortais não serão capazes de compreender. Achei uma nova utilização para a criatividade. Recriar é o meu lema.
Por que me dar ao trabalho de construir os alicerces se posso apenas reformular a obra em seu estilo, e pronto, está dado o recado. Sou prática, assim como o meu tempo requer que eu seja. Não estou mais aí para idéias criadas num suspiro. Eu quero é a emoção de dar uma novo pensar a esta idéia. Afinal, quem foi que disse que o novo tem que ser inédito?
Minha proposta é pelo que é mundano , pelo que é externo. É pelo que vem de fora da cabeça. É algo que faço apropriar-se aos meus conceitos e que no fim, resulte num consenso.