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Divulgação. |
Ano de 2011, indústria cultural saturada, complexo musical. Fica quase imperceptível apresentar uma nova banda num mercado que, via internet, cria, divulga e consome milhões faixas [quase que] na mesma freqüência do som. Pólos culturais surgem na mesma medida em que as bandas se deslocam de seus habitat. Mas ainda assim, o público-mãe, de onde as bandas se originam, interfere na produção artística daquele lugar. Ou não.
Se, atualmente, em Goiânia emana o tecnobrega da Banda Uó , do agito-boêmio da Lapa ecoa um som progressivo, que nenhum Samba de Raiz do Rio de Janeiro poderá negar – isso é carioca!
Imagina um arranjo techno wave remixado com uma batida (leve) de funk ao fundo? Junte todo esse psicodelismo musical numa letra que te convida a “curtir uma onda” da forma mais exquizita possível. O chiado, neste caso, vem de brinde. Não se assuste caso alguém refira o conteúdo citado ao nome DOO DOO DOO.Sem significado plausível de explicação à tripla repetição da sílaba DOO - aparentemente inglês - a banda carioca chega ao convés cultural da cidade afirmando, ou melhor, não-afirmando, toda característica regional das produções musicais. A não-afirmação, neste sentido, não é só pelo ritmo indefinido, ou pela letra cujas temáticas não pretendem fazer sentido. Mas, a forma e o contexto em que se insere, são, no mínimo, incomuns aos projetos independentes.![]() |
Divulgação |
No perfil criado no MelodyBox - uma rede social específica para divulgação de bandas - o Doo Doo Doo se descreve como um projeto de música pop experimental que, no meu curto entendimento, está mais para pop independente originado na “orgia musical” de uma grande cidade, do que para as tendências indies que a banda tenta sustentar.
Ainda que o trabalho e a divulgação sejam, de certo modo, independentes, o curto repertório da banda parece se encaixar nas tendências de músicas sinteticamente modificadas – como é o caso do próprio tecnobrega. Com apenas três (isso mesmo,três) demos lançadas pela própria banda na internet, o Doo Doo Doo, que se formou no final de 2010, sustenta sua credibilidade nos integrantes experientes, que possuem entre 28 e 30 anos de idade.![]() |
Capa do CD de divulgação da banda |
Com um repertório que mistura White Stripes, MGMT, CSS, Nirvana, chillwave e as três demos da banda, os shows que até o mês passado (set/2011) se resumiam à Lapa, agora atendem à Zona Sul do Rio e chegam a mais de seiscentas visualizações no YouTube.
Ainda tendo ganhado destaque na capa do Caderno Cultura (out/2011), do jornal O GLOBO, a banda vem conquistando um público cada vez mais pop e alternativo, devido à performance “transcultural” apresentada, tanto na imagem, quanto na mistura musical a que se propõe. Até o simpático camelo, símbolo da banda, tem sido alvo de comentários na página do facebook, cuja expectativa para o lançamento do álbum (2011), já contabiliza 3 mil “curtições”. 
Não há como negar o perfil mercadológico da banda, que mesmo desapegada aos estereótipos regionais, ainda sustenta sua identidade local. Talvez, isso aconteça por que a busca pelas características culturais determinantes de cada lugar, uma vez encaixadas no formato mercadológico, as tornem ainda mais peculiaridades. Isso faz com que o 3doo´s, como já são chamados pelo fio-da-gema carioca, seja ainda mais único tocando pop alternativo do que um sambão de raiz.