Não há nada que me deixe mais comovida como ver que o povo brasileiro está, enfim, tomando consciência. Quando falo de consciência uso o termo no geral, para educação, direitos, deveres e até consciência de futuro. Ora, quer coisa mais bonitinha do que um cidadão consciente fazer jus a sua sabedoria esteja ele onde estiver (inclusive na fila do supermercado)??? Obviamente não. Nós, classe baixa, que hoje é gentilmente chamada de classe MÉDIA baixa em desenvolvimento, "nunca antes na história desse país" pudemos nos mobilizar para, se quer, reclamar dentro de um estabelecimento privado - pobrescoitados sem informação.
Havia também o contrário. Nós, da classe baixa, que nos mobilizávamos para lutar na cara dura pelos nossos direitos - pelo menos os nossos direitos de seres humanos - éramos taxados de barraqueiros quando, na exaltação de nossos pedidos, somos um pouco estúpidos (só falamos um pouco alto).
O fato é que agora, só agora, nós, moradores do subúrbio, das baixadas e adjacências, que temos um sacolão no lugar do supermercado, um posto de saúde no lugar de um hospital, um armarinho no lugar de...(tudo o que vende no supermercado, posto de gasolina, farmácia, auto-peças e afins), compreendemos que somos nós que sustentamos esse país.
É bonito pra caramba ver que o teu dinheiro dá pra fazer a compra do mês e ainda, quem sabe, trocar aquela Caloy mais antiga por uma de marchas. É legal poder sair do banco tendo pago todas as suas dívidas de cinco anos no SPC, e perceber que sobrou 5 reais. O mais legal ainda, é quando você ex-pobrecoitado-desinformado-barraqueiro entra numa loja para comprar a tua bicicleta Caloy 3 marchas zero-bala, e tem o seu crédito impedido pelo antigo nome sujo.
Obviamente, que você agora com o poder de dignidade (comprador) chegará ao gerente bunda-mole fiel escudeiro dos empresários exploradores e masoquistas da loja e dirá: "Eu conheço os meus direitos e não vou admitir ser chicoteado mais uma vez!"
Que lindo, senhor brasileiro, você acaba de falar em nome de TODAS as minorias! Com uma só frase, nós, com aquela cara de donos do mundo, falamos por uma geração quem em quatro séculos calou-se para o poder das raças, das religiões, das oligarquias, dos bens, do capital...e de tudo que nos fez inferiores aos outros. Com uma só frase , nós conseguimos atingir, pelo modo racional, tudo o que sempre quiseram nos esconder: nós somos iguais!
E entendemos ainda, que nossas oportunidades não se resumem só aos tempos de vacas de gordas. A nossa dignidade se fará enquanto houver vacas. Cabe a nós continuar sabendo como engordá-las.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
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