Há três anos o meu ano começa do mesmo jeito: minha família fingindo que se ama enquanto se batem por um pedaço da coxa do pernil e ao mesmo tempo se ofendendo pela saída da dieta que um ou outro começara antes do natal. Quando aquela prima mais descolada e com um namorado tatuado vai embora, as tias velhas e que se dizem boazinhas começam a fuxicar sobre a possível gravidez que assola o obelisco espaço extra da barriga da menina. "Menina? que nada!", resmunga uma. "Aquela ali já não é mais menina há tempos!", envenena outra.
Não muito longe dali, está aquele tio que tenta ser simpático e ao mesmo tempo sabichão, ao ponto de discutir sobre a alienação do povo brasileiro, defendendo (evidentemente) o jornalismo da Rede Record e batendo palma pro Cabral. Vale lembrar que sempre (eu disse sempre), vem desse tio aquela BRILHANTE piada do "é pavê ou pra comer" ! Hahaha, engraçadinho.
Com esse tio, completam o círculo familiar superanimado, os seus avós, as irmãs, tias, primas e madrinhas de seus avós (nem imagine o tempo de existência dessas pessoas); seus irmãos, seus meio-irmãos, seus cunhados e adereços, e (não podia faltar) seu vizinho solteirão mais chegado.
E assim, todo mundo junto num pseudo churrasco-feijoada-ceia de natal, fazemos a festa.
Ai ai, o retrato da família carioca brasileira !
Mas dessa vez resolvi não sair nesse retrato.
Assim como de três anos pra cá meu final de ano foi regado de mesmices, de três anos pra cá tomei uma completa abominação por hipocrisia. E assim espero continuar nos meus anos seguintes.
Não quero sair nesse retrato. Quero ser eu a tirar a foto. Pelo menos assim terei a maldade em dizer: "sorriam"!
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
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hahaha
é exatamente assim
bando de hipócritas fingindo ser o q não são.
odeio tds eles