Esta semana aconteceu, em São Borja, a 25ª feira do Livro, mais conhecida como Felivro SB, onde pude “brincar” de jornalista. A experiência foi legal o suficiente para saber qual será o meu futuro como jornalista: eu serei aquela jornalista atrapalhada; aquela que geralmente leva coice da galera.
Pois é, esta não a minha primeira experiência como jornalista, mas é sem dúvida a mais séria e competitiva de todas. Eu me senti literalmente numa redação. Tive dead-line, matéria de última hora, pautas frias, pautas quentes, bafões e até cobertura ao estilo paparazzi. No critério matéria, foi tranquilo. Escrever não é, nem de longe, o meu problema. Quanto a reportagens, digamos que eu fui um tanto quanto imatura ao achar que pelo fato da cidade ser pequena, não haveria concorrência para noticiar determinado fato.
Aprendi que a concorrência não se estima em números, mas em presença. Se tiver uma única pessoa pleiteando a mesma coisa que você, acredite, ela é a sua MAIOR concorrência. Nunca menospreze uma concorrência, sendo ela numerosa ou não, concorrência é concorrência. Devemos sempre estar a um passo na frente , inclusive da nossa sombra.
Quanto às entrevistas, não tive muita surpresa. Digamos que a técnica para entrevistar veio de berço – a simpatia. Você pode não saber nada do que vai perguntar, pode não saber, inclusive, quem é exatamente o entrevistado, mas se você tiver simpatia, meu bem, você já ganha o pão de amanhã. A minha primeira experiência com uma pessoa realmente importante foi um tanto inusitada. Tentei, primeiramente, entrevistar uma escritora muita famosa aqui da região missionária por telefone. A escritora mora em Santa Maria, e eu, aqui de São Borja, liguei inúmeras vezes para marcar a entrevista. A princípio ela não se mostrou muito simpática não, mas a minha insistência a fez ceder aos holofotes do jornal.
Depois desta, entrevistei mais dois escritores famosos. Um, inclusive, marcou a entrevista na casa dele. Ao final do serviço ganhei até um livro, que não aceitei, logicamente. Óssios do ofício. Porém o mais gratificante foi saber que de alguma forma, eu tinha o poder sobre a imagem daqueles que entrevistei. Por um instante senti que as pessoas se preocupam conosco, jornalistas, pelo fato de termos o poder de “modelar” suas imagens para outras pessoas.
E foi exatamente isso que fiz. Na primeira entrevista, tive uma identificação e admiração muito forte com a história da entrevistada, o que resultou numa matéria de capa cujos comentários foram, entre aqueles que não a conheciam, os melhores possíveis: “ nossa que escritora fantástica ! Essa mulher é demais”, diziam alguns. De repente me dei conta de que as pessoas reproduziam a MINHA impressão sobre a mulher. Incrível.
No quesito cobertura do evento, foi a mesma coisa. As reportagens se davam instantaneamente aos acontecimentos, e quanto mais enfática eu falava, mais as pessoas sentiam a emoção do evento: “ eita, a feira hoje está animada”, comentou uma pessoa.
É, realmente me entreguei ao ofício. Nunca pensei que pudesse me enquadrar naquilo que antes considerava terrível – formar opiniões. Hoje, no entanto, percebo que a profissão não é tão endiabrada como a colocam. O jornalismo é, ao contrário, uma das profissões mais dignas que podem existir. É uma profissão que, sem perceber, necesitamos para viver em sociedade. Então, é melhor que o PODER da mídia esteja nas mãos de gente de bem, como eu, do que simplesmente inexistir, pela irrefutável desculpa de ser formadora de opiniões. Me diz ai, você consegue viver sem informação?
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
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